segunda-feira, 13 de junho de 2011

No que você está pensando agora?


Ontem na mesa de bar rolou uma discussão sobre as redes sociais. Estamos cada vez mais grudados nessa teia virtual de exposição pessoal. Tudo vale ser exposto. Qualquer momento já vai nos exigindo a foto que será postada. Qualquer sensação acaba virando um grito virtual. Vale postar bizarrices pelo fato de serem bizarras. Todas as coisas num saco infinito, pois tudo é somente uma questão de gosto. É o que alguns dizem. Questão de gosto, será? Também por que são tantas solicitações e tanta informação que uma coisa vai sendo atropelada pela outra. A maioria das coisas não se solidifica por isso nem precisamos selecionar o que publicamos.
Fora a necessidade da validação do olhar do outro. Um grande jogo da rede. Isto, temos do lado de cá do computador também. Só que na rede todo mundo pode se expor mais, então acaba sendo maior a necessidade dessa aprovação: quantas pessoas curtiram, sua foto do perfil é bonita, discreta ou faz o tipo provocadora?
Tem algumas vantagens de estar na rede. Só que me vi algumas vezes numa relação de carência e dependência desse negócio grudento. Alguns amigos me falaram que estão lendo menos, que não conseguem terminar um livro por conta dos bate-papos. Eu evito bate-papos, eles não me atraem!
Adoro poder trocar informações, descobrir artistas interessantes, videos inspiradores. Gosto, não nego, da Caras popular, com direito a fotos! Será que, no entanto, não estamos sendo chupados para dentro desse ralo e nos diluindo? Será que acabamos nos econtrando menos por que estamos sem tempo ou por que a vida virtual produz esse novo hábito? Será que vamos desaprender a abraçar a beijar de verdade? Olhar no olhar?
O fato é que a rede se tornou presente nas nossas vidas. Como cuidar do que publicamos e do quanto vale ingerir dessa enorme massa de informação? Hoje me questionei e por isso esse texto. Quero pensar mais antes de dizer tudo "o que estou pensando agora". Para não encher o saco infinito com: "hoje está frio", "comi o macarrão na casa da mamãe", "brochei pela primeira vez", sabe? Vai todo mundo ficando carente. Dependente das pessoas curtirem suas publicações, de ter muitos amigos que às vezes nem conhece. Carência virtual, era só o que faltava! Sábios eram os antigos que podiam dizer: no news, good news!

2 comentários:

  1. Pegando carona no que está implícito desse ditado com que a Jezz encerrou a publicação dela: Se "notícia ruim chega rápido", será que com essa velocidade de circulação das notícias na rede não estamos tornando praticamente todas elas ruins?

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  2. Esse assunto renderia uma conversa de horas... Boa reflexão. Sobre a rede, eu acho que ela pode ser ótima e nos aproximar de pessoas queridas (o Jae e a Si se conheceram por meio de uma rede social - Viva!). Mas, às vezes tenho a impressão de que as pessoas optam por relacionamentos virtuais porque é mais simples... Quando você se irrita, basta desligar o PC. Na hora que você quiser. Um relacionamento de verdade, namoro ou amizade, é uma construção... exige paciência (algo raro hoje...com tanta tecnologia, esperar um minuto pode ser uma eternidade para alguns). Infelizmente, muuuitas pessoas estão vivendo em função da rede. Acho que as pessoas acabam se esquecendo de viver de verdade, porque passam muito tempo pensando em tirar fotos ou filmar tudo PARA postar no Facebook, a "vitrine de pessoas bem-sucedidas e felizes". Uma ilusão. Algo bem vazio... e líquido (quando puder leia Modernidade Líquida e Amor Líquido, do Zygmunt Bauman).
    Jéssica, espero conhecê-la pessoalmente. Sou amiga do Jae e da Si. Parabéns pelo trabalho. Sucesso. Um beijo, Katiane.

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