sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Compartilho link para o texto "A revolução de um homem só" de Eduardo Losso. Acho a análise bem interessante. Importante estarmos atentos aos vícios e as virtudes.

"Não tomar vícios por virtudes, o que é um disparate dos fracos, nem viciar-se nas próprias virtudes, o que é uma grave fraqueza dos fortes".

Murilo Mendes  não está nada distante disso quando sentencia: “A virtude de um homem torna-se admirável, quando ele não lhe dá atenção. A burocracia da virtude é um fenômeno irritante”.

"Quanto mais os indivíduos de uma sociedade forem capazes de examinarem a si mesmos, adquirir autonomia, mais força e qualidade terão os movimentos sociais, e mais eficácia tais movimentos terão de modificar o sistema. Quanto menos eles forem capazes disso, mais os movimentos sociais tornar-se-ão uma mera parte da engrenagem do sistema e contribuirão para a sensação de impotência e a postura de resignação, o pessimismo fácil e cômodo. A aparência de insubmissão vai reforçar a crescente submissão".







Eis que 2013 está findando. O que significa esse momento festivo, em que a família se reúne ao redor da mesa e dos presentes, para além das milhares de mensagens de Feliz Natal, que parecem se repetir? O que significa o fim de ano, para além da bela viagem de descanso que irá repor as energias gastas? 

Análise, reflexão, pedidos e uvas? Pulos no mar, pé direito, champanhe? Que tipo de reflexão e contemplação podemos fazer? Acho que as mensagens de natal são tão parecidas, por que as pessoas não se conectam de verdade para realmente desejar algo. Como será que temos feito nossas reflexões e análises de 2013? 

Temos que ter cuidado com o hábito de lançar um olhar angustiado sobre o que não conseguimos realizar ou ganhar. Esse hábito de olhar para o que não foi feito joga uma névoa sobre o ano que ainda virá. Muito importante contemplar sobre o que deu certo, o que foi conquistado. Ganhar fôlego e entusiasmo para continuar se movendo. 

Acho muito importante fazer uma contemplação quando um ciclo está por findar. Há oito anos eu sempre faço. Nos sentamos em profundo silêncio, respiramos, entramos num espaço íntimo e profundo. A partir desse lugar profundo, que sabe o que realmente importa e o que realmente deseja, olhamos para os erros, as conquistas e para o que ainda queremos realizar. 

Eu virei de 2012 para 2013 num dos lugares mais especiais do mundo. Lembro que estava trabalhando muito e não tinha feito minhas resoluções para o ano novo. Até que um dia, nossa mestre nos disse que não era importante fazer resoluções para 2013. Foi estranho e transformador. Entendi que minha principal missão é estar conectada com o coração, que sabe me indicar tudo o que realmente é importante. Nenhum desejo é mais importante do que estar conectado. Nada é mais importante do que o amor por si mesmo. Não adianta desejar trabalhos maravilhosos, carros, viagens incríveis, encontros inesquecíveis se não estivermos prontos para recebê-los.

Vou me preparar para receber este próximo ano com o coração aberto!!! Não para que as coisas aconteçam de acordo com os meus cálculos e desejo, mas para que eu possa viver sem antecipar o mistério de mais uma etapa que ainda estar por vir, para que eu possa viver cada coisa de um lugar profundo e inteiro. 



quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

pela inocência e lucidez dos meus 28 anos, que se cumprem hoje, num dia em que a Lua é cheia... 





No alto de onde estás, na fresta violenta de beleza que insiste em me abrir o peito e me fazer miúda, te vejo, redonda como uma mulher prenha, exposta como o olhar dos que faíscam de amor.

Insistes toda noite em lançar-se sem piedade no mar. Exibi-se indiscretamente no céu, para que todos te vejam. Roças com prazer tua luz quente na areia úmida da praia. Não tem pena? Não te cansas? Por que você deseja, mesmo quando é dia, e o Sol nos cega e te oculta, arder silenciosa e secreta em pura luz? De dia Lua, não descansas. Tu arde como um segredo. 

Lua menina, mulher e velha. Quantos amores provocastes, quanto choro foi derramado por tua culpa? Menina viçosa e inocente, virgem e perfumada que anseia o toque primeiro. Velha gasta, sabedora da mágica das marés. 

Como uma mulher que corre louca, com o corpo exposto em chamas, e pega velocidade para alimentar as flamas, numa fricção violenta com o vento... 

Nas flamas da louca, o pacto da combustão com o ar, em ti o pacto monstruoso de ser o mais belo deleite, não de um, mas de todos. Por isso escolhestes viver distante. Tua beleza na terra provocaria infindáveis guerras entre os homens. Tua sensualidade provocaria a ira invejosa das mulheres. A ganância tentaria te fazer mercadoria, te colocaria um preço. 

Você é rainha e ao mesmo tempo mendiga. 
Nem do mar, nem dos céus, nem de reis e nem de homens comuns, mais de todos! Rainha, o poder de ser exatamente aquilo que quer. Mendiga, tu dormes bêbada em qualquer calçada, ao mesmo tempo que nada possui, já tem tudo, todas as ruas são tuas, a cidade te pertence. 

Permaneces alta para que ninguém te toque, para que teu manto luminoso sempre caia sobre a terra.

sábado, 7 de dezembro de 2013

Na Neblina





Os olhos, mistério. Um ator e uma vida interior tão complexa, quanto a própria vida. Ação: uma personagem sai de um buraco coberto por neve para procurar comida, cena do filme Na Neblina de Sergei Loznitsa. Essa personagem vai na casa de uma família que o acolhe, come, pega suprimentos, e na volta para o esconderijo encontra soldados alemães. Os soldados lhe ordenam que os levem ao lugar onde ele pegou a comida. Nesse momento, a mágica de um bom ator me impressiona. Primeiro vemos a personagem pensar que não pode trair a família, que deve protegê-los e por isso, não vai levar os soldados lá. Depois os olhos da personagem vêem a morte. No fim dessa cena, eu estava certa que ele não levaria os soldados lá e que morreria. Próxima cena: o homem resolve salvar a própria vida e se torna um traidor levando os soldados até a casa. Eles matam toda a família. Por isso, um bom roteiro e um bom ator são dois elementos importantes para que o jogo da cena possa ser tão interessante. 


Poderia falar de aspectos históricos, políticos, morais e humanos deste filme. Só que o que mais me move agora é a complexidade de sentidos que uma obra de arte exige, é a questão do tempo de maturação que o cinema obriga, é a arte do ator. Depois de assistir esse filme posso dizer que não acredito que ao ator baste presença. A presença é fundamental para que a cena aconteça quase que de maneira real, vivida, sentida. Só que além de ter presença, o ator precisa ser inteligente, estrategista. Adoro ser enganada por um ator, por que é isso que a vida faz isso com a gente o tempo inteiro. O ator nos mostra nos seus olhos uma direção oposta ã que ele seguirá na sequência seguinte. Ele é fiel ao roteiro, sabe que deve levar os soldados lá, mas em segundos nos aponta uma direção diferente. 

Na Neblina me faz pensar muito em como o artista precisa ser amigo do tempo. Amadurecer é levar porrada, ouvir críticas, se doar, realizar e poder ainda assim desacreditar do que foi feito. É se permitir ter urgência, tropeçar, cair, ferir, e é também se atirar, voar, ganhar reconhecimento. A obra exige que olhemos para ela com tempo, com calma, com um espírito artesão e livre. A obra nos suplica que nos lancemos para ela sem nos poupar e que talvez pelo meio do caminho a abandonemos, por que ela já não nos faz mais sentido. Um artista precisa ser um buscador por natureza, ele deve questionar o mundo, propor novas formas, provocar que novos olhares se abram para o mundo. O mundo ao mesmo tempo que parece se transformar numa velocidade rápida ainda mantém estruturas muito antigas. A missão do artista é que se mova a cada dia, que amplie seu olhar, descubra novas formas sempre.

A indústria exige produtividade, números, público, sucesso. Na indústria se fabrica produtos para serem consumidos, devorados pelo sucesso. O sucesso é muito importante, o dinheiro possibilita a produção nessa estrutura capitalista em que estamos inseridos. O sentido de uma obra, todo pensamento por trás dela, ainda é o mais importante para mim. Isso é ser artesão de alguma forma. O artesão se permite olhar primeiro, aceita não ver nada, para encarar novamente e logo depois ver fundo, tão fundo que descobrirá coisas jamais vistas antes. O tempo de maturar, com a calma que uma obra exige, e ao mesmo tempo com a constância e o vigor necessário para que ela não morra. Sou artesã e meu ritmo insiste em ser lento. Acabo indo contra o ritmo acelerado do metrônomo que toca o tempo inteiro nos ouvidos, pedindo para que a gente corra, pedindo para que a gente dê conta de muitos projetos, de muitas conquistas, de muitos títulos, de muitas teorias. 

Na cena inicial do filme, nos é revelada uma carroça com muitos ossos de um boi, pelo áudio escutamos pessoas sendo enforcadas. Esse filme nos coloca diante de diálogos maduros que nos comunicam muito com uma economia impressionante de fala. Quando um diretor deixa que os figurinos falem, que os cenários e as locações comuniquem, e escolhe atores de olhos vivos que sabem ser tão bons estrategistas quanto um diretor precisa ser, assim a chance de se ter um bom filme é grande. Um bom filme é um filme que nos move. Recomendo Na Neblina, de Sergei Loznitsa.

A beleza da vida muitas vezes surge num suspiro de pausa, numa lua selvagem furando o mar, nas coisas para as quais não queremos olhar...

domingo, 1 de dezembro de 2013



Na mansa pele molhada que escoa, um corpo!
E desejo navega em direção ao mar...
Não ter terra alguma,  
ser estrangeiro em todo canto.
É saber brincar de ser rei e rainha!

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

JÉSSICA BARBOSA - EM FAMÍLIA



Com imenso prazer apresento Neidinha, minha nova personagem na novela Em família, de Manoel carlos com direção de Jayme Monjardim. Na foto ao lado, a encantadora família dela, Maria (mãe) e Virgílio (irmão), representados pelos maravilhosos atores Cyria Coentro e Nando Rodrigues.

As fotos são de João Miguel JR. da  Rede Globo. Para mais informações da novela acessem o site da emissora. 

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

rastro de Jéssica Barbosa


Agradeço especialmente a Thiago e Daniel por nos proporcionarem esse fim de tarde com vista para a cidade de Góias!



Partir é rasgar um pedaço do céu e flutuar,
É deixar um rastro no infinito azul.
É a violência de sentir saudade,
E ao mesmo tempo encontrar paz.
Uma manga suculenta ainda agora me beijava os lábios.
Agora só me resta o amarelo perfumado que me escorre nas mãos.
É na estrada que meu cavalo ganha fôlego e galopa, com vontade!



sexta-feira, 25 de outubro de 2013

CIDADE DE GÓIAS, HISTÓRIAS VIVIDAS NA ANTIGA CAPITAL DO ESTADO!









O calor humano do povo de Góias é tanto, quanto o calor da cidade. Aqui a temperatura ferve. Dizem que quente mesmo é o Mato Grosso, mas para uma equipe de quase 150 pessoas, filmando 10 horas por dia embaixo do Sol, já há 15 dias, o bicho pega!



A cidade é uma fofura. Uma cidade histórica, construída pelos mineradores que é a antiga capital do estado. Por conta das serras, a cidade não se desenvolveu muito e Goiânia se transformou na capital. O centro histórico, onde filmamos e estamos hospedados, tem ruas de pedras e belas casas antigas. Aqui é a terra do pequi, do cajuzinho, do murici e da castanha de barú. As cachoeiras nos renovam para poder seguir e o povo nos acolhe para que a saudade de casa diminua. Povo sertanejo, uai, bão demais!!!



Está sendo uma experiência maravilhosa fazer essa novela. Primeiro, é maravilhoso ser dirigida por Jayme Monjardim. Um diretor amável, humano, detalhista e exigente do jeito que eu gosto! Consegue administrar e coordenar da barra da calça do ator ao tom da voz, sempre de maneira afetuosa. Acho que por isso, temos uma equipe que também é maravilhosa. 



Foi muito bom ser tão recebida, ter o apoio dos nossos maravilhosos câmeras, Jota e Marconi. Eles estão sempre nos dando dicas, ensinando essa relação que o ator de novela tem que ter com a câmera. Está sendo maravilhoso aprender a fazer TV  com essas feras, já na prática. Betinho é nosso diretor de fotografia, ele tem me ensinando muito sobre fotografia de novela. Maquiagem, figurino, arte, direção, produção, técnica, catering...sem igual!



O elenco se  tornou uma família mesmo. Cyria Coentro, que faz minha mãe é meu grande grude. Ela também é da Bahia coincidentemente. Ela é uma atriz tão generosa que compartilha durante as cenas todo brilho irradiante dos seus olhos, possibilitando que a troca seja de verdade, sincera. Tenho aprendido muito com ela, sobre atuação, sobre vida e sobre escolher ser feliz, sempre! Nando Rodrigues, que faz meu irmão,é nosso pantaneiro quase baiano, amigo de todos,coração grande. São tantas pessoas especiais ao redor, que ajuda a aliviar a distância de casa e os desafios de um set de filmagem.



Fazer novela é bem puxado! Zero glamour, principalmente para a equipe que precisa filmar todo dia embaixo do Sol. Espero que o público goste de nossa "Família", estreiaremos dia 3 de fevereiro.



obrigado a todos! obrigado especial a Leila Mendes (nosso trabalho está me possibilitando voar)




RECEBIDOS PELA FAMÍLIA DE GÓIAS DO QUERIDO THIAGO!!!

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

A bailadora andaluza




Subida ao dorso da dança
(Vai carregada ou a carrega?)
é impossível de dizer
se é a cavaleira ou a égua

Ela tem na sua dança
toda a energia retesa
e todo o nervo de quando
algum cavalo se encrespa.

Isto é: tanto a tensão
de quem vai montado em sela,
de quem monta um animal
e só a custo o debela
como a tensão do animal
dominado sob a rédea
que ressente ser mandado
e obedecendo protesta.

Então como declarar
se ela é égua ou cavaleira:
há uma tal conformidade
entre o que é animal e é ela,
entre o que é animal e é ela,
entre a parte que domina
e a parte que se rebela
entre o que nela cavalga
e o que é cavalgado nela,
que o melhor será dizer
de ambas, cavaleira e égua
que são de uma mesma coisa

e que só um só nervo as inerva,
e que é impossível traçar
nenhuma linha fronteira
entre ela e a montaria:
ela é égua e cavaleira.

João Cabral de Melo Neto

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Ser grão


Sanã - trailer from Marcos Pimentel on Vimeo.


Inspirada por este trailer, nasceu uma poesia: 

Grão, 
Solitude poente 
Calmaria do meu caos 

Quanta, branca, tanta, areia... 
Queria que só o céu testemunhasse agora 
Depois de amornada pelo Sol, ser arrastada pelo vento... 

Em quietude de ser grão, areia...
Pequenina e insignificante que se deixar levar pelo vento
Tempo! De um grão num outro, se faz Maranhão.

quarta-feira, 9 de outubro de 2013




DIVULGANDO O SITE DE UM AMIGO QUE SOU FÃ. O MAQUIADOR SADI CONSATI. 
LÁ TEM DICAS PRECIOSAS DE MAQUIAGEM!!!

 www.sadiconsati.com

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Besouro na estrada!




Uma dos maiores motivos que me move a fazer cinema é a estrada!!! 

Besouro estará em Copenhague no Afrowood Film Festival.


http://afrowood.com/?p=748

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Exercícios de admiração



Achei tão bonito o nome desse livro, Exercícios de admiração de Cioran. Esse livro é a prática de um pensador inquieto sobre o que eu falei no post anterior. Eu chamei de trabalho de apreciação, ele muito mais inspirado, chama de Exercício de admiração. Por conta do alto acesso que a última publicação teve, fico entusiasmada para seguir publicando. 

Hoje, compartilho um trecho de um texto de Cioran sobre o ato de escrever. É tão bom quanto um texto provoca não só reflexão, mas também o corpo. Sinto que as palavras dele atravessam o corpo, instigam. 

Borges, Beckett, Joseph de Maistre, cada escritor escolhido por ele, tem um capítulo dedicado neste livro, onde ele faz reflexões, indagações e afirmações, que vão além das obras destes autores.

Abaixo, o trecho de um capítulo, sobre o ato de escrever.

                           Confissão resumida

"Só tenho vontade de escrever num estado explosivo, na excitação ou na crispação, num estupor transformado em frenesi, num clima de ajustes de contas em que as invectivas substituem as bofetadas e os golpes. Em geral, começa assim: um ligeiro tremor que se torna cada vez mais forte, como depois de um insulto que se recebeu sem responder. Expressão equivale à réplica tardia ou à agressão adiada. Escrevo para não passar ao ato, para evitar uma crise. A expressão é alívio, desforra indireta daquele que não consegue digerir uma vergonha e que se revolta em palavras contra os seus semelhantes e contra si mesmo. A indignação é menos um gesto moral que literário, é mesmo a mola da inspiração. E a sabedoria? É justamente o oposto. O sábio em nós arruína todos os nossos élans, é o sabotador que nos enfraquece e nos paralisa, que espreita em nós o louco para dominá-lo e comprometê-lo, para desonrá-lo. A inspiração? Um desequilíbrio súbito, volúpia inominável de se afirmar ou de se destruir. Não escrevi uma única linha em temperatura normal.E, no entanto, durante muitos anos, me julguei o único indivíduo livre de taras. Esse orgulho me foi benéfico: me permitiu escrever. Parei praticamente de produzir quando, apaziguado o meu delírio, me tornei vítima de uma modéstia perniciosa e funesta para esta exaltação de que emanam as instituições e as verdade. Só consigo produzir quando, tendo desaparecido subitamente o sentido do ridículo, me considero o começo e o fim."

Cioran




sábado, 21 de setembro de 2013

                                                         foto de Jéssica Barbosa         

Não gosto de ver poesia compartilhada na rede como se fosse uma frase do "minutos de sabedoria" sorteada na caixinha. Tenho muito cuidado ao compartilhar trabalhos artísticos na rede para não inseri-los numa dimensão demasiadamente cotidiana. A arte tem que fazer parte do cotidiano, mas a arte é extra-cotidiana, a poesia nos exige um estado. Eu tenho gostado mais da arte que me exige, que me abre fendas, que me mostra outras dimensões. Com a poesia eu posso sentir mais intensamente o que vivo, dar uma pausa nas demandas que a realidade exige ou ainda enxergar as demandas com luzes de outras cores. A poesia abre espaços imensos de compreensão, de dúvidas. Certamente uma frase pode iluminar o dia. Existem muitos textos, canções e vídeos que precisam ser compartilhados, sentidos, debatidos e a rede é um espaço maravilhoso de acesso. 

Será que deveríamos ter algum tipo de cuidado ao compartilhar uma obra de alguém ou o trabalho da apreciação deve ser feito posteriormente por parte de quem acessa? O que acontece quando pego uma música e coloco como toque do meu celular? Será que não estou "condenando" a música como as novelas já fazem? É como falar muito sobre algo tentando desvendar o mistério quando o mistério é exatamente o ponto de luz. O trabalho da apreciação artística, muitas vezes, pode ser somente contemplativo, podendo ser feito por parte de quem acessa, mas quem compartilha pode instigar que esse trabalho seja feito. Talvez eu esteja querendo falar sobre diálogo. 

Que tipo de diálogo temos com nossos amigos, na nossa faculdade, com nossos professores? O quanto conseguimos nos aprofundar nos debates relativos à arte? Qual a qualidade da troca que se dá hoje na internet? O espaço é tão grande que eu sinto que preciso estar sempre atenta, ir além do gostar e do não gostar.
------------------------------------------------------------------------

Toda essa introdução para dizer que estou numa fase de redescoberta de minha escrita, alimentada por afetos aos quais estou exposta. Considero a minha escrita ainda como um rabisco, são traços, rascunhos, intenções. Compartilho-a aqui, por que olho para ela, não a sinto mais como minha, e sinto a necessidade de expô-la a outros olhos. 

------------------------------------------------------------------------
                                                foto de Jéssica Barbosa


Madrugada,

Sereia insone e fria
Deusa inconstante
Por que me clama assim?

Desejosa de mim,
da minha carne cor de noite
Do meu ventre melancólico e quente

Sanguessuga, alimento,
de tudo que evoca
Vem, atiça dama! Vem, guerrear comigo

Noite adentro, lua alta
Minha pele amorna ao ser envolvida por ti.
Nessa hora escuto ainda mais alto teu clamor

Tu és uma espécie de planeta
Morada de poetas e vadios
De bêbados e putas, que festa!

Ai! As putas que por sobre ti vagueiam...
Quero deleitar sobre seus seios quentes, vividos,
sujos, violentos e amorosos , todos os meus desejos!


quarta-feira, 18 de setembro de 2013

FRESTA





Um dia, cansada de se habitar, ela vestiu-se de nada e saiu correndo. Fugia rumo ao desencontro. Tudo começou num dia em que ela sentiu muito cansaço. Abriu uma fresta da janela, que ficava fechada, deitou-se no chão e sonhou. Uma flecha ardente adentrou pela fresta. Sorrateira, a luz lhe roçava o corpo devagar, para não lhe acordar. Depois, sem medo, habitou-lhe o corpo inteiro. Quando acordou, parecia que ainda dormia. Primeiro ela não sentiu fome, mas depois achou que podia comer o mundo. Sentiu calor e banhou-se, depois sentiu muito frio. Esse raio de luz, era de uma estrela recém caída na terra. As estrelas caídas são raras, lhe haviam dito quando criança. Elas possuem um grande mistério... É preciso muita coragem para colhê-las, para abrir-lhes as frestas... Ela já corria há mais de 3 dias tentando deixar no ar a luz que havia lhe impregnado o corpo. Não buscava e nem procurava nada, só livrar-se. Livrar-se de si mesma. Estava impregnada daquela luz, ofuscada com o brilho. Quando não aguentou mais, parou! Não estava ofegante, não sentia cansaço. A pele escura da noite silenciava as temperaturas diurnas. Gritos ecoavam no abismo. Foi quando viu que seu umbigo estava aberto! Espanto, encanto. Não tinha coragem de olhar novamente. Será que deveria prender a respiração? Será que deveria respirar fundo? Ela pausava, perplexa. Olhou novamente e conseguiu ver lá dentro. Como se dava isso, se ela havia corrido tanto fugindo de si? Será que a ferida abria por que correra tanto? Olhou novamente e viu algo muito estranho, sentia medo. Uma ferida aberta, exposta. Uma luz intensa rasgava-lhe o umbigo, rompia-lhe a barriga. Uma estrela dentro dela! Ela se encostou numa árvore e resolveu esperar. Entre os uivos noturnos e a brisa do alvorecer, esperou. Assim o tempo foi passando, passando, passando. Quanto tempo passou? Já nem se sabe. Mas dizem que a ferida abriu tanto que tomou-lhe o corpo inteiro. Assim ela se transformou numa estrela, invisível aos olhos...

novas configurações

Simplesmente Saturno retorna! Isso é o que dizem quando os 28 anos se aproxima. Estou achando uma delícia amadurecer, me aproximar dos 30 anos. Posso dizer que vivo plenamente o gozo da idade. Me sinto muito jovem ainda, mas já consigo ver muito mais do que via antes, do mundo e de mim. Por isso, sinto a urgência de renovações, de novas configurações. Essa foto foi feita por um grande amigo e me revelou muito isso. Esse blog sempre esteve dedicado a divulgar o meu trabalho profissional, alimentar meu site. Acontece que eu percebi que tem uma outra Jéssica que se coloca muito pouco aqui. Quem vem visitar minha página, acaba revendo o que já vê por aí nos meus trabalhos. Por isso, como artista que sou, urge que eu me exponha um pouco mais aqui. Hoje começo a sentir a necessidade de me comunicar, de compartilhar, mesmo que seja para poucos. A internet nos deixa muito dispersos. São milhares de informações chegando o tempo inteiro e nós estamos o tempo inteiro buscando por milhares de informações. No blog, acredito que eu possa ter um olhar mais atento para minhas publicações. Por aqui, talvez eu possa falar com aquele que procurar, com quem vier visitar minha página! Por isso vou revelar mais por aqui... É hora de reconfigurar!

quinta-feira, 27 de junho de 2013

ESTREIARÁ EM JULHO!!! uma rua sem vergonha no MULTISHOW direção de Claúdia Castro e Carolina Jabor

quinta-feira, 30 de maio de 2013

LINDAS E TENSAS

Já que estou falando de O Boticário. Vejam a chamada da Web Série LINDAS E TENSAS
Quando estreiar vou postar os episódios aqui!




Quem viu? NOVA CAMPANHA DE O BOTICÁRIO