domingo, 14 de março de 2010

Rio de Janeiro


Rio de Janeiro. Significado de casa, Martins Pena, projetos, dia-a-dia...e a curiosidade acaba sendo esmagada pelo cotidiano. Não faz muito tempo que voltei de viagem. Posso dizer que ainda estou impregnada desse desejo de descobrir paisagens que me inspirem, de desconhecer lugares, de sentir a atmosfera carioca como uma estrangeira. Estrangeira que fui, baianoca que estou, algumas vezes acabo deixando o dia-a-dia tomar conta de mim e a cidade se torna sempre a mesma. Ela não é. A cidade cada dia é uma. Ontem saímos, eu e o Evee. O Evee descobre tudo que está acontecendo na cidade e não pode perder nada, tudo tem que ser visto. De repente, a cidade fica enorme e parece querer nos engolir.


Sábado, dia 13 de março, nos encontramos ao meio dia no Rio antigo. Como o Rio antigo é gostoso, com seus prediozinhos antigos, com barzinhos, lojinhas... Fomos na feira da praça XV e depois caminhamos por aquelas ruazinhas. Descobri um bar-sebo que merece ser visitado. É um bar de cervejas artesanais. Cervejas brasileiras, alemãs e de várias outras nacionalidades, pra mais de 20 marcas. Chama-se Al-farabi, localiza-se na rua do rosário e também abriga um sebo. Chega o momento das exposições. Fomos numa galeria de arte bem interessante, que também fica na rua do rosário. Partimos para o centro cultural dos correios e vimos uma exposição inspirada na cidade do Rio. Nos questionamos muito sobre como um artista pode olhar para a cidade e transformar a cidade a partir do seu olhar, criando uma obra de arte. Vimos muitos quadros que eram simplesmente retratos do Rio. Cristo redentor, pão de açúcar,praias. Vimos outras obras que carregavam um retrato do Rio com uma soma artística. Olhares soma que propõe descobrir, denunciar, mudar a perspectiva ou simplesemente colorir diferente. No CCBB vimos a exposição do videoartista Eder Santos. Uma oportunidade de interagir e ser observador e obra de arte. Assistimos um filme de suspense peb e corremos para o teatro para ver Acorda Zé, do grupo Moitará. Espetáculo do mundo imaginativo, poético...tudo isso de meio dia as nove da noite. A cidade pulsa, explode.

Domingo foi dia de Kurosawa no Mam e de Antonioni no CCBB. Tudo VIP na fila da senha... A cidade se revela sob novas formas que o meu desejo de descobrir me exige.

Editorial de moda - Jornal O Dia




Gata com estampa animal


Protagonista do filme ‘Besouro’, a baiana Jessica Barbosa adota outros bichos, como zebra e onça, para apimentar o guarda-roupa
POR MARCIA DISITZER




Rio - A protagonista do filme ‘Besouro’ é uma verdadeira gata. Baiana de Feira de Santana, Jessica Barbosa, 24 anos, tem sorriso desconcertante de tão bonito e rosto digno de campanha de beleza. Não foi à toa que ela estreou no cinema em grande estilo, interpretando Iansã, a rainha dos ventos, e Dinorá, a paixão do herói capoeirista Besouro. E também não foi à toa ela ter sido escolhida para mostrar neste ensaio as eternas e irresistíveis estampas animais, que fazem a transição do verão para a meia-estação sem traumas, com doçura sensual.
Baiana Jessica Barbosa adota outros bichos, como zebra e onça, para apimentar o guarda-roupa


Peças de onça, zebra e afins são clássicos do guarda-roupa feminino. Há quem ame, há quem odeie. Mas não tem como negar: é preciso ter personalidade para usá-las, misturando-as com acessórios coloridos, correntes douradas e toques étnicos. Criteriosa na vida e com sua imagem, Jessica adotou as padronagens felinas e o estilo vintage da marca Eu Amo no dia a dia e em suas aparições públicas, como o Festival de Berlim, para onde foi mês passado representando o filme.
Esperta, exibe cachos livres no visual black power. “Alisei o cabelo dos 7 aos 18 anos. Um dia resolvi parar por não saber mais como ele era”, conta a atriz, ressaltando que não fez nenhum corte para os cachos crescerem fartos e lindos. “Ao assumi-los, comecei a trabalhar muito mais”, revela ela, que atuou como modelo na Bahia e em São Paulo antes de se tornar atriz. Agora, morando no Rio, estuda teatro na Martins Pena, delineando um caminho autoral. “Quero me formar e fechar este ciclo”, diz Jessica, que, além de linda, é inteligente.

segunda-feira, 8 de março de 2010

TACHELES


Tacheles em hebraico significa comunicar-se com claridade, revelar...

O Tacheles é um centro cultural alocado em um edifício abandonado no bairro de Mitte, Berlim.

Mitte está na zona leste da cidade e foi um antigo bairro judeu. Agora se transformou em uma área cheia de cafés e galerias de arte. Em 1907 o prédio era um grande centro comercial, depois foi usado pelos nazistas como prédio administrativo. Ele chegou a ser bombardeado na segunda guerra mas resistiu. Depois da guerra o edifício se tornou um armazém. Com a queda do muro os planos eram de que o prédio fosse demolido, mas um grupo de jovens artistas, de diversas partes do mundo, ocuparam o prédio. Mitte assim como Prezlauer Berg e Friedrichschain são bairros que têm uma filosofia de autonomia e espontaneidade. Os artistas além de morarem no prédio, produzem, expõem e vendem suas peças. O centro cultural ainda conta com um cinema e um teatro. Foi uma experiência única, indo a Berlim vale muito a pena conferir. Obrigada aos amigos Riad e Tomas pelo passeio.

domingo, 7 de março de 2010

A hora da estrela - Pedro Moraes e João Cavalcanti


Uma menina

e a cidade passando no meio

e a verdade batendo de quina

na cavidade do meu anseio


gira menina

de vontade pisada no freio

na cidade que é meio ruína

e meio saudade do que não veio


pela vidraça

toda pressa da gente que passa

e o progresso cuspindo fumaça

nas esquinas da minha cabeça


e essa moça eu nem mesmo conheço

mas sua história

mal logo termina

de se representar

rebobina como cinema

em minhas retinas


tira do armário

o vestido de naftalina

ao encontro do amor operário

que se desfaz na próxima esquina


mas a vidente

num baralho partido no meio

um futuro lhe deu de presente

e do escuro uma estrela reveio


Minha imaginação dançarina

nova diva que sinto e semeio

entidade que me contamina

clandestina, nordestina, devaneio

quinta-feira, 4 de março de 2010

NOVAS CAMINHADAS

Estou envolvida em um projeto novo. Um projeto que a princípio é de outra pessoa, e que eu entraria como parte colaborativa, me propondo ao exercício e a observação. Depois do terceiro encontro, sinto e penso esse projeto o tempo inteiro. Ao mesmo tempo que me entrego a mergulhos em lugares extra-cotidianos, eu me torno objeto da minha própria observação. Observo também o outro, a vida urbana, o som da cidade. Sou observada.
Posso dizer que sinto a necessidade de uma preparação para poder escutar. Num ritmo acelerado e disperso muita coisa se perde. Sinto a necessidade de desacelerar, de relaxar e me permitir a escutar...me permitir...
Uma das primeiras etapas da escuta é o silêncio. Não simplesmente deixar de falar, mas sim, alcançar o silêncio da mente. Quantas vezes uma pessoa está falando e eu já estou julgando, confrontando ou pensando sobre o que eu quero falar? Quantas vezes a cidade vem com seus ruídos de pássaros e cigarras confundidos a ambulancias e aviões? Acolher o que o outro diz, receber...
O blog indica aos leitores. Fechem os olhos, respirem profundamente, silenciem (ou busquem silenciar). Abram os ouvidos, que novos sons podem invadir você!